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Barcas diretas da Praça XV para São Gonçalo estão em estudo

Especialista aponta que trajeto é solução contra superlotação

A linha já vem sendo debatida desde o início dos anos 2000
A linha já vem sendo debatida desde o início dos anos 2000 |  Foto: Lucas Luciano

O serviço de barcas da Região Metropolitana do Rio, atualmente feito pela empresa CCR Barcas, que conecta Niterói ao Centro da capital Fluminense, enfrenta críticas constantes devido à superlotação, resultando em desconforto e transtornos para os usuários.

Diante desse cenário, especialistas argumentam que a solução para aliviar o serviço atual está na expansão das linhas, com destaque para a inclusão de uma rota direta de São Gonçalo para o Rio.

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"A implementação da nova linha de barcas é mais do que uma medida de conveniência; é uma solução viável para a crise de superlotação enfrentada atualmente. Ao proporcionar uma alternativa direta e eficiente, podemos aliviar significativamente a pressão sobre o serviço existente", assegura o especialista em Mobilidade Urbana, Rafael Calabria. 

Essa proposta, no entanto, não é novidade. A linha ligando São Gonçalo ao Rio já vem sendo debatida desde o início dos anos 2000 e, também, estava contemplada no novo modelo de licitação das barcas, elaborado no início deste ano. Entretanto, até o momento, permanece em fase de estudo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sem efetiva implementação.

Demora para concretização do projeto tem causado indignação nos usuários

'Maratona'

Essa demora na concretização do projeto impacta diretamente a vida dos moradores da região, como evidenciado no relato de Ana Oliveira, uma atendente de loja de 32 anos que, diariamente, enfrenta uma jornada exaustiva para chegar ao trabalho.

Residente do bairro Zumbi, em São Gonçalo, mãe de dois filhos, Ana descreve sua rotina diária como uma "verdadeira maratona". O despertar às 5h30 marca o início de um dia repleto de desafios, onde a ausência de uma linha de barcas direta a obriga a um trajeto que consome horas preciosas de sua vida.

O trajeto inclui ônibus até Niterói, barcas para o Rio, e vice-versa, resultando em cerca de 4 horas diárias — apenas em deslocamento.

Encarar essa jornada diária de São Gonçalo ao Rio é como participar de uma maratona exaustiva. Sinto que cada minuto é uma batalha para conquistar meu tempo e minha qualidade de vida. Essa rotina não é apenas cansativa; ela se torna um desafio constante de equilíbrio entre o tempo dedicado ao trabalho e à minha família. Por isso, uma linha direta de São Gonçalo para o Rio não seria apenas um trajeto, seria um respiro Ana Oliveira, usuária

O que dizem os especialistas

O especialista em Mobilidade Urbana, Rafael Calabria, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), enfatiza que a viabilidade desse projeto não é uma questão técnica, mas sim uma noção de prioridade e visão.

"O transporte nunca é lucrativo. Os sistemas de transporte para ter universalidade, para ter uma tarifa baixa, ele não precisa ser lucrativo, como o setor costuma ver," destaca Calabria.

Segundo ele, esse projeto só vai sair do papel quando os setores empresariais começarem a entender a importância de encarar o transporte como um direito social, e não apenas como um serviço voltado ao lucro. Nessa perspectiva, o pesquisador critica a visão predominante, enraizada em abordagens empresariais que priorizam a rentabilidade, lucratividade e viabilidade.

O transporte é, antes de qualquer coisa, um direito social

A falta de uma linha direta de São Gonçalo para o Rio não é apenas uma lacuna na mobilidade, conforme afirma Calabria, mas também uma barreira para o acesso a serviços e oportunidades essenciais para a população. O especialista destaca que a implementação desse projeto não deve ser considerada um ônus financeiro, mas um investimento no bem-estar da população.

Linha direta de São Gonçalo ao Rio garante outros direitos da população
Mobilidade não é apenas mover-se de um ponto a outro; é a essência que garante o acesso a outros direitos fundamentais. Ao negligenciar a expansão de serviços como as barcas de São Gonçalo para o Rio, perdemos não apenas a oportunidade de facilitar deslocamentos, mas também de proporcionar acesso à saúde, educação e lazer. O transporte é o alicerce que sustenta o pleno exercício desses direitos Rafael Calabria, pesquisador

O que diz a SETRAM

Sobre a implementação da nova linha, a Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana informou, em nota, que o projeto ainda está em fase de estudo e depende de diversos fatores que serão analisados. 

"A Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana esclarece que o estudo da UFRJ sobre a nova modelagem do transporte aquaviário foi dividido em duas etapas, avaliando as linhas já existentes e futuras ligações, onde o trajeto Praça XV - São Gonçalo foi incluído. Vale destacar que a implementação de novas linhas depende de diversos fatores, como projeto, licenciamento ambiental, aquisição de embarcações, dragagem e construção de terminais, o que requer investimentos. A Setram ressalta, ainda, que os estudos e o projeto da Linha 3 do metrô, que prevê a ligação entre Praça XV x Arariboia x Alcântara, passando por Niterói e São Gonçalo, está contemplado na nova fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal", diz a nota na íntegra. 

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